terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Gaiteiros de Freixenosa

Freixenosa, aldeia do concelho de Miranda do Douro, é sem dúvida um óptimo exemplo de “aldeia escola”,(motivações e os saberes são veiculados através da oralidade, de geração em geração dentro da comunidade, num contexto de educação informal) principalmente no que toca à prática da gaita-de-foles 1.

Num seguimento ininterrupto, cujo início seria difícil determinar de tão antigo que poderá ser, Freixenosa tem tido sempre os seus gaiteiros nativos. Os dados existentes permitem afirmar, que há pelo menos três gerações seguidas, em que isso acontece. Num período histórico que vai dos fins do século XIX, passando por todo o século XX, e avançando para o século XXI. Enumero aqui, só três gaiteiros, por serem os mais representativos de cada geração:

Começando pelo mais antigo, que era Manuel José Lopes, o lendário “Tiu Pepe” (185?/1924), foi o primeiro gaiteiro de Freixenosa e da Terra de Miranda que tocou em Lisboa, no Coliseu dos Recreios, isto no dia 28 de Maio de 1898, na presença da rainha D. Amélia. Era um dos mais influentes gaiteiros daquela altura. Que depois de ter ir tocado a Lisboa em 28 de Maio de 1898, ao Coliseu de Lisboa, na presença da Rainha D. Amélia, se tornou um ícone lendário da cultura mirandesa. Era gaiteiro, tocador de flauta pastoril, ensaiador dos pauliteiros e também ensaiador de teatro popular, faleceu em 8 de Dezembro de 1924.

Depois Alexandre Feio (21-8-1914 / 27- 3-1999), dos três o que mais viajou, na qualidade de músico, exibindo a sua arte em países de vários continentes. Foram-lhe atribuídos por várias entidades, prémios pela sua notável interpretação da gaita-de-foles mirandesa.
Por fim, Ângelo Arribas (15-5-1939), ainda em actividade e com um trabalho significativo, na divulgação da gaita mirandesa. Toca em festas e colabora com investigadores da música tradicional mirandesa. Também se dedica ao ensino da gaita-de-foles.
A continuidade da tradição de Freixenosa, como terra de gaiteiros e construtores ainda mantém no presente.

1]Para um melhor esclarecimento do conceito de “aldeia escola”, ver in: TOPA, Abílio, (2006). «As aldeias como escolas de cultura no concelho de Miranda do Douro», Tierra de Miranda, Revista do Centro de Estudos António Maria Mourinho, 61-64.

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